Em entrevista exclusiva, Nivea Ferradosa dá detalhes sobre a importância do DS3
para a imagem da marca no Brasil
A Citroën chegou ao Brasil em
1991, um ano depois da liberação da importação de veículo para o Brasil. Em
1999, quando decidiu fincar raízes com a construção de uma unidade industrial em
Porto Real, no Rio de Janeiro, a marca francesa decidiu manter a imagem de
fabricante de carros refinados que já havia conquistado no Brasil. A
sensibilidade feminina de Nivea Ferradosa parece ter casado muito bem com a
proposta. Com experiência no departamento de marketing de empresas como
Volkswagen, Jaguar e Honda, Nivea já integrava a equipe da Citroën havia dois
anos quando foi convocada para ser a diretora-geral de marketing da marca, em
2000. Agora, seu foco é articular a chegada da linha premium DS ao Brasil.
O hatch compacto DS3 é o primeiro da fila, com lançamento previsto para
o segundo bimestre deste ano. Nivea ainda desconversa sobre a vinda dos outros
dois integrantes da gama, o médio DS4 e o crossover DS5. Por enquanto, ela quer
explorar o potencial do modelo menor, lançado na Europa em 2009 com base na
plataforma do C3. Para associar o visual estiloso e carismático do DS3 com as
mais recentes tendências da moda, a marca francesa apresentou o modelo durante a
32ª edição da São Paulo Fashion Week. E ainda prepara a abertura do
espaço-conceito Citroën Oscar Freire, em São Paulo, um centro cultural inspirado
no célebre C42, localizado na famosa Avenida Champs-Élysées, em Paris. O local
foi uma concessionária da marca inaugurada em 1927 e se tornou, em 2007, um
inovador showroom que recebe 1,5 milhão de visitantes por ano.
Desde que foi
lançado na Europa, em 2009, o DS3 já ganhou diversas edições especiais criadas
por grandes estilistas. Isso influenciou na decisão de apresentar oficialmente o
modelo durante a São Paulo Fashion Week?A
essência do DS3 está muito conectada ao universo fashion. O consumidor pode
personalizar o modelo com a sua cara, escolhendo a cor do teto e do retrovisor,
por exemplo. Além disso, a própria Citroën está ligada à moda. Por isso, o
lançamento do C3 brasileiro ocorreu na SPFW de 2003. É uma forma de mostrar que
a nossa marca se preocupa com o design e com o estilo dos produtos. Lançar o DS3
durante o evento também reforça esse apelo estético. Isso também estará presente
no espaço-conceito que vamos abrir no segundo bimestre, localizado entre as ruas
Oscar Freire e Consolação, em São Paulo. Assim como o C42 que a Citroën mantém
na Champs-Élysées, em Paris, será um espaço dedicado à atividade cultural, além
de difundir os conceitos que norteiam nossa filosofia de
trabalho.De que
forma?
O espaço não será destinado apenas
aos clientes da Citroën. Ter um ambiente como esse em uma das mais importantes
vias de São Paulo dá notoriedade à marca. As pessoas poderão frequentar o local
para tomar um café, ler um livro ou conferir os cursos, exposições e
apresentações musicais que farão parte da programação. Queremos organizar
sessões com filmes franceses que mostrem carros da Citroën ao longo da projeção.
É uma forma de divulgar a cultura francesa e também de mostrar que a marca tem
muita história. Mesmo que o frequentador não vá comprar um carro do nosso
portfólio, sairá do espaço com outra ideia sobre a Citroën.
Qual é a importância desse
contato com o consumidor?Temos mais de 240 mil usuários
relacionados em nossa página do Facebook. A Citroën é a marca atuante no mercado
brasileiro com mais fãs nessa rede social, mesmo detendo apenas 2,63% de
participação em 2011. Ou seja, essa interação cria uma relação de admiração e
fidelização pela marca muito importante. O espaço-conceito da Oscar Freire não
vai expor todos os modelos que estão disponíveis em nossas concessionárias. Em
compensação, mostrará conceitos e carros históricos que contribuirão para que
esse entusiasmo pela marca cresça ainda mais. O espaço funcionará durante todo o
ano de 2012 e nosso desafio é conseguir mantê-lo sempre cheio durante esse
período.
Como
vocês irão trabalhar com a linha DS, muito mais luxuosa e sofisticada que outros
modelos da marca?
Nós atendemos todos os clientes da
mesma forma, seja aquele interessado no compacto C3 ou aquele que quer adquirir
um médio-grande C5. Mas, por causa da proposta diferenciada, a linha DS terá um
espaço específico em nossas concessionárias. Afinal, é um carro diferente de
nossos outros modelos, com outro nível de conforto e requinte. Queremos atrair
um público que também tem interesse por compactos como Audi A1 e Mini Cooper.
Apesar da característica da customização, o DS3 não irá atrair apenas as
mulheres. O público masculino certamente se entusiasmará com o desempenho do
motor 1.6 litro turbo com 157 cv.
A Citroën já trabalha com alguma
perspectiva de venda? Há o risco de o DS3 se tornar apenas um carro de imagem e
encalhar nas revendas?
A principal missão do DS3 é
incrementar a imagem da Citroën no Brasil. Mas a medida que aumentou o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) em até 30 pontos percentuais para veículos
importados nos pegou no meio do caminho. Chegamos a cogitar o cancelamento da
vinda do modelo, mas a Citroën resolveu arriscar. A SPFW já serviu como um
termômetro, e pudemos perceber que o carro teve ótima aceitação entre o público
presente. Mas pode ser só a empolgação do momento, então os primeiros meses de
venda é que servirão realmente para avaliar o desempenho comercial do compacto.
Por enquanto, a Citroën não trabalha com estimativa de volume. É preciso esperar
a chegada do DS3 nas concessionárias para medir seu potencial de
vendas.