quarta-feira, 20 de junho de 2012

CEO da Aliança Renault Nissan se aposenta em 5 anos

Nissan fala em aposentadoria de Carlos Ghosn


O CEO da Aliança Renault Nissan, Carlos Ghosn, prepara o terreno para se aposentar nos próximos anos. A Nissan já até prepara o terreno com seus investidores, que foram informados sobre o início de um plano de sucessão na montadora. A intenção do executivo é deixar a empresa japonesa antes do início do próximo ciclo de negócios de médio prazo, em 2017. “Precisamos estar prontos para a possível saída dele em cinco anos”, declarou Koji Okuda, porta-voz da organização, à agência de notícias Bloomberg.

A saída de Ghosn também impactará na marca francesa da Aliança, a Renault. Fontes da companhia apontam Carlos Tavares, atual chefe de operações do grupo, e Dominique Thormann, no comando da área financeira, como possíveis sucessores do executivo brasileiro.

Por enquanto, Ghosn trabalha para concluir o ambicioso plano de negócios em curso, iniciado no ano passado. Entre as metas está ampliar para 8% a participação da Nissan no mercado global, com 10% de market share na China. Além disso, a estratégia prevê redução anual de 5% nos custos paralelamente ao lançamento de um novo veículo a cada seis semanas.

Trajetória ascendente

Com 58 anos, o executivo brasileiro, natural de Porto Velho (RO), é reconhecido como uma das lideranças mais duradouras em um grande grupo da indústria automotiva. Seu primeiro papel de destaque foi na fabricante de pneus Michelin, onde ficou por 18 anos. Um dos méritos foi conduzir a operação brasileira no período da hiperinflação, mantendo a lucratividade.

Em seguida, na Renault, ele ficou conhecido como o “matador de custos”, por reduzir os gastos operacionais da companhia em € 3 bilhões em três anos. Em 1999, quando a aliança entre a fabricante francesa e a Nissan foi estabelecida, ele assumiu o comando das operações e, em seguida, a presidência executiva. Sob o comando dele, a empresa japonesa saiu do prejuízo para o lucro e alcançou valor de marcado de US$ 72 bilhões em 2006.

Mais recentemente ele desenhou uma estratégia ousada para que o grupo entre na era dos veículos elétricos. Com investimento de € 4 bilhões, a companhia pulou a fase dos modelos híbridos para desenvolver apenas carros puramente elétricos. O primeiro a chegar aos mercados globais foi o Nissan Leaf, em 2010. No ano passado foi a vez de a Renault apresentar e começar a vender os primeiros modelos de uma linha completa, com o Kangoo e o Fluence Zero Emissão.

Mesmo com tantas vitórias, Ghosn também acumula alguns tropeços ao longo de sua trajetória. Um deles aconteceu no ano passado, quando ele demitiu três executivos por suspeita de espionagem industrial. A acusação era de que os funcionários estavam vazando informações sobre o projeto de carros elétricos para empresas chinesas.

Depois de um complicado processo de investigação e algum desconforto diplomático entre França e China, ficou comprovado que a acusação não tinha fundamento. A situação rendeu um pedido público de desculpas de Ghosn.