segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Teste: Toyota Prius 2012

Para aumentar o apelo ecológico e tecnológico da Toyota, Prius já desfila pelas ruas do Brasil

Nos mercados automotivos mais importantes do mundo, a Toyota é lembrada pelo pioneirismo na venda de veículos “amigos do meio ambiente”. Essa fama se deve ao Prius, híbrido lançado em 1997 e que já superou a marca de 2,3 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. Agora, com o mercado brasileiro se tornando prioridade para muitas marcas, chegou a vez do Brasil receber o hatch com dois motores – um elétrico e outro a gasolina. A importação de sua terceira geração, que acaba de sofrer um face-lift, já foi definida pela fabricante japonesa para o segundo semestre. Mas algumas unidades já estão rodando nas ruas brasileiras como forma de marketing e também para testes.

Apesar da confirmação de que o carro será vendido no Brasil, o seu posicionamento de mercado ainda é bem incerto. A Toyota tenta obter junto ao Governo Federal incentivos tributários para a venda de modelos híbridos e elétricos. A ideia é conseguir algum tipo de isenção no ICMS, IPVA e principalmente no IPI desses veículos mais econômicos e menos poluentes. De olho nessa disputa, além da Toyota, estão Chevrolet, Nissan e Ford e outras marcas que veem no Brasil algum futuro para os seus carros ecológicos.
Do jeito que está, a vida do Prius será bem complicada. Com os impostos “cheios” a que seria submetido hoje, o preço do modelo superaria os R$ 100 mil com facilidade. Com um preço desses, o hatch ficaria inviável. Com as possíveis isenções, o preço poderia baixar para a casa dos R$ 80 mil – ainda assim bastante elevado. Mas que até conseguiria se justificar pela grande quantidade de tecnologia embarcada, pelo apelo ecológico e pela economia de combustível.

De uma maneira ou de outra, a estratégia de vendas do Prius passa diretamente pela sua imagem de carro “verde”. E nisso, o híbrido da Toyota é quase imbatível. O modelo é conhecido mundialmente – principalmente entre os mais ávidos pelo meio ambiente. Durante o Salão de Tóquio, em dezembro, a marca adiantou que a expectativa é vender 100 unidades ao mês por aqui. Ou seja, é para ser o que se costuma chamar de “carro de imagem” – algo que aparece muito na mídia, mas sem pretensões de ser um “best seller”. Uma expectativa bem distante das mais de 250 mil unidades que o credenciaram como o carro mais vendido do Japão em 2011.


Obviamente, a fama do carro tem muito a ver com o seu trem de força. A parte a gasolina do conjunto híbrido é formado por um motor de 1.8 litro, feito em bloco de alumínio, com comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Com ciclo Atkinson – ligeiramente diferente do tradicional ciclo Otto –, ele desenvolve 98 cv de potência a 5.200 rpm e 14,5 kgfm a 4 mil rotações. Já o propulsor elétrico é movido por baterias de níquel instaladas sob o piso do porta-malas e conseguem gerar 40 cv. Na potência combinada, são 138 cv.

Até cerca de 50 km/h, é possível manter por algum tempo apenas o modo elétrico. No restante das situações, é o motor a combustão que move as rodas dianteiras, com o auxílio do elétrico para economizar combustível. O câmbio é continuamente variável – o que também contribui para a racionalidade energética. As baterias do motor elétrico podem ser recarregadas através do freio regenerativo ou pelo próprio propulsor a combustão.

A versão testada do Prius era bastante completa. Provavelmente só essa configuração deve ser vendida por aqui, para tentar justificar o inevitável alto preço cobrado pelo veículo. Portanto, o carro já virá equipado com airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista, ABS, controles de estabilidade e de tração, sistema de som, ar-condicionado automático, direção elétrica e trio elétrico, entre outros equipamentos.

Visualmente, o Brasil vai receber o Prius já com a reestilização apresentada no Salão de Tóquio, em dezembro. Foram poucas mudanças, como novas rodas e lanternas traseiras com nova disposição de luzes. Mas o mais importante continua lá – o desenho incomum, o já famoso nome do carro e a inegável “mística ecológica” que se formou em torno dele. Razões suficientes para qualquer simpatizante da “causa verde” virar o pescoço para acompanhar a passagem do Prius.


Ponto a ponto
Desempenho – Obviamente, a performance dinâmica não é o principal apelo de um híbrido urbano. E isso o Prius mostra em movimento. A entrada do motor elétrico até ajuda a dar mais força ao conjunto, já que ele não precisa de rotações elevadas para fornecer o seu torque máximo. Mesmo assim, o desempenho não chega a ser instigante. É um carro pacato, embora não chegue a ser moroso. E o câmbio CVT ajuda a tornar seu comportamento ainda mais suave. Nota 6.
Estabilidade – Aqui, o Prius se beneficia principalmente dos seus mais de 1.400 kg. Com o baixo centro de gravidade, acaba obtendo boa aderência nas curvas. A suspensão é bem calibrada e ajuda bastante na tarefa de manter o Prius em sua trajetória correta. Nota 8.
Interatividade – Nos comandos vitais, o Prius é bastante “tradicional”. Tudo está no lugar onde deveria e não é difícil se adaptar. Mas o painel central é realmente um espetáculo à parte. É até difícil não se distrair observando o gráfico que mostra qual motor está movimentando o carro e o fluxo de energia entre os diversos sistemas. Existe ainda um “head-up display”, que projeta informações na parte superior do painel, para que o motorista evite tirar os olhos do caminho. O volante é multifuncional e tem até os comandos do ar-condicionado. A direção elétrica é muito leve, o que ajuda bastante nas manobras. O acionamento do freio de estacionamento é por um pedal, que fica um tanto escondido – um posicionamento mais comum em picapes. E o pedal de freio em si também precisa de adaptação, por ser muito sensível. Nota 8.
Consumo – É um dos óbvios pontos altos de um carro híbrido. Em uso predominantemente urbano, a média foi de 15,3 km/l de gasolina. Não existe no Brasil nenhum carro a gasolina ou flex do mesmo porte que chegue perto desse desempenho. Nota 10.
Conforto – Apesar de, na unidade avaliada, estar um pouco ruidosa, a suspensão do Prius é capaz de passar bastante conforto para o interior. O espaço interno é o esperado de um hatch médio. Quatro adultos e uma criança viajam sem grandes complicações. Um adulto a mais deixaria todos no banco traseiro menos à vontade. Nota 8.


Tecnologia Outro ponto forte do Prius. A terceira geração apenas aperfeiçoou a proposta do carro, que já era bem interessante. O motor a gasolina de 1.8 litro e ciclo Atkinson e o propulsor elétrico movido pelas baterias de níquel ainda compõem o trem de força do hatch. Todas as versões do Prius vêm com sete airbags, controle de estabilidade, de tração e ABS. Os equipamentos de conforto também são vastos, com sistema de som completo. Nota 9.
Habitalidade
– Um singularidade do interior do Prius é o grande espaço vazio sob o console central. Ali, cabe facilmente uma bolsa ou uma mochila. No resto, o médio japonês oferece uma generosa quantidade de porta-objetos. Os acessos são bons e entrar e sair do carro é tarefa fácil. O porta-malas leva corretos 445 litros, mas é raso – culpa das baterias, que estão instaladas sob o estepe. Nota 8.
Acabamento
O interior é todo revestido de plásticos rígidos, mas que aparentam modernidade e ótima qualidade. Os encaixes são precisos e não há rebarbas que se possa notar. O design também chama a atenção pelo aspecto moderno e pelo charmoso estilo futurista do painel de luzes esverdeadas. Os bancos e o volante da versão avaliada tinham um belo acabamento aveludado. Nota 8.
Design
É um desenho bem característico, com personalidade, contemporâneo e que agrada bastante. No Brasil, onde ainda é novidade, chama muita atenção. A iluminação azul nas logomarcas dianteira e traseira também reforça o aspecto futurista – e atrai ainda mais olhares. É fácil ver gente parando o que está fazendo para dar uma olhada no modelo japonês. Nota 8.
Custo/benefício
O preço do Prius ainda não está confirmado no Brasil. Especula-se que ele possa variar entre R$ 80 mil e R$ 110 mil, dependendo dos incentivos do governo para os veículos híbridos. Sem nota.
Total O Toyota Prius somou 73 pontos em 90 possíveis.
Primeiras impressões

Racional Kid

O Prius é o carro que iniciou a campanha do marketing verde entre os automóveis, em 1997. E por isso, é um modelo que chama muita atenção do seu próprio jeito. O visual claramente futurista, com linhas retas e bem esculpidas, a falta de ruído externo em baixas velocidades e o emblema na traseira que denuncia a tecnologia que move o veículo são capazes de fazer o dono de um Prius se sentir uma pessoa bem “visada”. E é nisso que a Toyota vai se basear para tentar vender o carro no Brasil. Como o preço provavelmente será alto, a estratégia é vender para quem quer mostrar para todos o quanto o proprietário do carro se importa com o meio ambiente.

E, logo no primeiro contato, o modelo se mostra muito bem alinhado com a sua proposta ecológica. Ao ligar o carro, a falta de ruído impressiona. Se o motorista tiver “pé leve”, o modo elétrico, sem barulho do motor, continua até cerca de 50 km/h. Depois, entra em ação o motor 1.8 litro a combustão. Mas, mesmo assim, a impressão é que a Toyota optou por criar um carro que não dê vontade de acelerar – mas sim vontade de poupar combustível. Os dados mostram um zero a 100 km/h feito em 11 segundos. Um número até interessante. Mas, em movimento, a impressão maior é de tranquilidade a bordo do Prius. Para conseguir um desempenho mais instigante é preciso pisar muito fundo no acelerador – o que não parece combinar com os gráficos no painel, que denunciam de forma graficamente elegante qualquer comportamento perdulário e poluente. Em situações de uso normal, o Prius é suave e não inspira muita esportividade – tal como a proposta do híbrido sugere. A impressão que se passa é que um carro a combustão com os mesmos 138 cv andaria bem mais.

De maneira até contrastante, o comportamento do carro em curvas merece elogios. Mesmo quando se exige bastante, o modelo gruda as rodas no chão e mostra ótima aderência. Grande parte disso é responsabilidade do peso do carro e de suas dimensões um tanto exageradas para um hatch médio. Em casos extremos, controle de estabilidade e de tração entram em ação para ajudar o motorista. O freio necessita de adaptações por parte de quem dirige. Ele é muito sensível e é preciso dimensionar muito bem as pisadas no freio para evitar trancos muito fortes.

Por dentro, o Prius mostra bem a sua modernidade. O desenho é inspirado e com boa funcionalidade. Existe um grande espaço na parte inferior do console central, que pode abrigar muitos objetos. Há também o “head-up display”, equipamento muito útil que projeta a velocidade do carro na parte inferior do parabrisas, bem na frente do motorista – que não precisa desviar o olhar par pista para se manter informado. Na parte central do console fica uma generosa tela, que reúne o velocímetro, computador de bordo e os inegavelmente lúdicos gráficos que mostram o funcionamento do trem de força. É divertido tentar descobrir como e qual motor está movendo as rodas do carro. Um item perfeito para estimular o motorista do Prius a dirigir de forma mais “civilizada” e provar a sua preocupação sustentável.


Ficha técnica
Toyota Prius
Motores: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.798 cm3, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo de válvulas no cabeçote com variação na abertura das válvulas na admissão. Injeção eletrônica de combustível. Propulsor elétrico com 40 cv (650 V) abastecido por 28 módulos de baterias de níquel instaladas sob o piso do porta-malas.
Transmissão: Automático do tipo CVT, de variação contínua, com uma marcha a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima do motor a combustão: 98 cv a 5.200 rpm.
Potência máxima do gerador elétrico: 40 cv.
Potência máxima com ambos propulsores: 138 cv.
Torque máximo do motor a combustão: 14,5 kgfm a 4 mil rpm.
Torque máximo do gerador elétrico: 21,1 kgfm.
Diâmetro e curso: 80,5 mm X 88,3 mm. Taxa de compressão: 13.0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente por eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 215/45 R17.
Freios: Dianteiros a discos ventilados e traseiros a discos rígidos. Oferece ABS e EBD.
Carroceria: Fastback com quatro portas e cinco lugares. Com 4,46 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,49 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Oferece sete airbags: dois frontais, dois laterais dianteiros, dois do tipo cortina e um para o joelho do motorista.
Peso: 1.379 kg.
Capacidade do porta-malas: 445 litros.
Tanque de combustível: 45 litros.
Produção: Nagóia, Japão.
por Rodrigo Machado - Auto Press
Fonte disponível no(a): MotorDream.uol.com.br

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