sábado, 30 de junho de 2012

Avaliação: Mercedes-Benz C 63 AMG Coupé Black Series

Mercedes-Benz exibe o poder de fogo da C 63 AMG Black Series em Interlagos


O objetivo dos carros desenvolvidos pela AMG é apimentar a relação dos clientes da Mercedes-Benz com seus produtos. Carros aparentemente conservadores ganham motores e suspensões que tentam arrancar o máximo que o padrão de construção da marca consegue oferecer. Além de rejuvenescer a marca, aumenta ainda mais o prestígio da estrela de três pontas. Mas nem tudo é trabalho. Os engenheiros da divisão performática da fabricante alemã também têm de se divertir. E a brincadeira chama-se Black Series. O objetivo aqui é pegar os modelos já “reengenheirados” pela AMG e chegar o mais próximo possível de um superesportivo, sem fazer com que o carro se torne um mero fetiche de garagem, como aqueles modelos que o dono gosta muito de olhar, mas não pode usar como carro normal no dia a dia. Em Interlagos, a AMG apresentou um dos dez C 63 AMG Coupé Black Series trazidos para cá. Das 800 produzidas, poucas esquentaram showroom de concessionária no resto do mundo. O Brasil, aliás, é um dos poucos países que ainda têm unidades desse modelo disponíveis.

Isso porque o consumidor daqui que se dispõe a desembolsar perto de R$ 700 mil por um carro costuma gostar de examinar, apertar e cheirar antes de comprar. O preço alto tem a ver com a exclusividade do modelo – o fato de haver apenas uma Black Series disponível para teste fez com que a AMG engrossasse o caldo com a nova SLK 55 AMG e o E 63 AMG. Mas além do pequeno número de exemplares, também há justificativa no motor. É um V8 de 6.3 litros aspirado que produz nada menos que 517 cv a 6.800 rpm e 63,2 kgfm de torque a 5.200 rotações – são 30 cv a mais que a C 63 AMG “normal”. Ele leva o modelo de zero a 100 km/h em apenas 4,2 segundos e à máxima de 300 km/h. Isso em um carro com pouco mais de 1.700 quilos – a relação peso/potência é de 3,34 kg/cv. O motor é basicamente o mesmo usado no superesportivo SLS AMG dotado de uma unidade de gerenciamento nova.


O visual também é mais agressivo. As linhas já agudas do Classe C Coupé são reforçadas por spoiler em fibra de carbono, saias laterais que aproximam o corpo do modelo do chão, para-lamas alargados e um difusor traseiro que ultrapassa a linha do robusto para-choque traseiro. Na frente, duas grandes entradas de ar ajudam no trabalho de arrefecimento e na estética esportiva – que ainda recebe o reforço das duas entradas de ar nada discretas no capô. As saídas de ar na borda posterior das caixas de roda também auxiliam no resfriamento dos freios. Por causa das bitolas maiores, os para-choques foram aumentados – o acréscimo foi de 5,5 cm na frente e 4,2 atrás.

Por dentro, a lógica de unir esportividade e normalidade se reflete nos bancos, que são esportivos mas muito mais confortáveis que os concha. É claro que eles são dotados de todas as regulagens que possam ajudar o ajusta ao corpo do motorista/piloto. O volante é também da linha AMG, com base reta e maior calibre, para melhor a empunhadura. O interior usa a base do Classe C com revestimentos mais sofisticados, como alcântara e apliques em fibra de carbono no tablier e nos painéis das portas, mas tudo de forma discreta, em tons escuros. Se o roncador motor V8 não estiver acordado, do habitáculo só se consegue ter uma pista a respeito da personalidade do Black Series: os cintos de segurança e os pespontos no revestimento em vermelho.


Primeiras impressões

O limite da civilidade

São Paulo/SP – Olhando, a C 63 Black Series não chega a lembrar o vilão Darth Vader, do filme “Guerra nas Estrelas”. Mas foi a associação com o “lado negro da força”, frequentado pelo personagem, que batizou a linha de modelos da AMG. A criação tem duas pretensões: assumir o corpo de carros aparentemente pacatos com um comportamento nervoso e agressivo e não espantar a fiel freguesia da marca, mais conservadora. A primeira parte deu certo. A C 63 Black Series vai mesmo até a fronteira final da civilidade.

Em Interlagos, a Black Series ficou bem à vontade. No final da reta, antes da freada para o S do Senna, era fácil passar dos 240 km/h. Longe, portanto, do corte eletrônico, que no modelo foi inflacionado para 300 km/h, em vez dos costumeiros 250 km/h. Na posição Sport+, uma das quatro configurações disponíveis para transmissão e direção, o câmbio reduz assim que o motorista alivia o pé do acelerador. A sucessão de marchas também é mais rápida e não há qualquer buraco nas acelerações e retomadas. O motor fica cheio o tempo todo.

Nas curvas, o carro se mostra tão assentado no chão que é preciso forçar o limite para que o controle de estabilidade entrasse em ação – coisa que na SLK 55 AMG e no E 63 AMG ocorria com muito mais facilidade. A suspensão, apesar de evitar movimentos excessivos da carroceria, ainda oferece algum conforto. Isso pôde ser constatado na volta de retorno ao boxe. O conjunto conseguiu absorver bem as vibrações as provocadas pelas zebras, o piso mais próximo que se podia encontrar no autódromo paulistano do que existe nas ruas brasileiras.



Ficha técnica

Mercedes-Benz C 63 AMG Coupé Black Series

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 6.208 cm³, com oito cilindros em V, quatro válvulas por cilindro e duplo comando de acionamento. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de sete marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração
Potência máxima: 517 cv a 6.800 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 4,2 segundos.
Velocidade máxima: 300 km/h
Torque máximo: 63,2 kgfm a 5.200 rpm.
Diâmetro e curso: 102,2 mm X 94,6 mm. Taxa de compressão: 11,3:1
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços triangulares transversais e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Multilink e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 255/35 R19 na frente e 285/30 R19 atrás.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS de série.
Carroceria: Cupê em monobloco com duas portas e quatro lugares. Com 4,71 m de comprimento, 1,83 m de largura, 1,39 m de altura e 2,77 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.723 kg.
Capacidade do porta-malas: 475 litros.
Produção: Affalterbach, Alemanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado automático, direção elétrica, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS com EBD, apoios de cabeça traseiros, vidros, travas e retrovisores elétricos, sensores crepuscular e de chuva, retrovisor interno eletrocrômico, rádio CD, rodas de liga leve, faróis e lanterna de neblina.
Preço: US$ 337 mil (cerca de R$ 700 mil).




Por: Eduardo Rocha /Auto Press / Fonte: MotorDream

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