quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Teste: Novo Peugeot 308

Hatch médio produzido na Argentina substitui o veterano 307


O tango "Por una cabeza", imortalizado por Carlos Gardel, não para de tocar na minha cabeça. Mas mal chego a Lobos, a cerca de 100 km da capital Buenos Aires, percebo que uma canção de Edith Piaf teria sido perfeita para a viagem. Na Estância La Candelaria, um castelo de 1894 traz um pouco da França à Argentina – o mesmo que a Peugeot faz ao produzir o novo 308 no país vizinho, de onde ele virá para o Brasil a partir de março.

A expectativa era de que conhecêssemos o motor 1.6 16V EC5, desenvolvido pela montadora em parceria com a Bosch e feito no Brasil. O propulsor tem taxa de compressão de 12,5:1 e comando variável de válvulas (VVT) na admissão, gera 122 cv com etanol (115 cv na gasolina) e atinge 16,4 kgfm a 4.000 rpm – 80% da força está disponível a 1.500 rpm, garante a marca. Ele conta com a tecnologia FlexStart, que dispensa o tanquinho ao preaquecer o etanol.



Mas ficamos só na vontade... Nosso contato foi com o velho conhecido 2.0 16V de 151 cv e 22 kgfm, que garante agilidade ao 308 – apesar de ele ser 128 kg mais pesado que o 307 (1.371 kg). O hatch estava equipado com GPS, mas mesmo com ele seguimos em comboio para percorrer um caminho mais longo até nosso destino. À frente, um 3008 puxava a fila cheio de disposição no trajeto repleto de pedágios. Cada vez que a cancela se abria, iniciava-se uma prova de 0 a 100 km/h para poder alcançá-lo – tarefa que o 308, de quem o crossover empresta a plataforma, cumpriu com facilidade. O motor enchia depressa e garantia boas saídas e retomadas.

Em diversos pontos, o limite da estrada era de 130 km/h, condição em que o conta-giros ficava na casa de 3.800 rpm. Ainda assim, os barulhos do motor e da rodagem não eram altos. Em relação à suspensão do 408, a do 308 passou por alterações, com o objetivo de reduzir ruídos: na traseira, por eixo de torção, o hatch ganhou um suporte superior nos amortecedores. Além disso, passou a contar com bitolas maiores nos dois eixos e supressores de vibração no de trás. Tudo colabora para um comportamento acertado, que dosa boa dinâmica e conforto.



A versão avaliada tinha câmbio manual de cinco marchas, indisponível no 307 2.0 até agora. Bem escalonado, ele permite trocas precisas e não chia se o motorista precisa fazer reduções bruscas, como ocorreu quando um caminhão resolveu ensaiar passos de tango na minha frente. A direção de respostas diretas também ajudou a desviar do "bailarino". A transmissão automática AT8 de quatro velocidades foi mantida, enquanto uma versão do 308 com motor 1.6 turbo está prevista para o segundo semestre.

Não sei se era a intenção, mas a atmosfera de fins do século 18 destacou a modernidade do hatch – como a luz diurna formada por um feixe de leds que contorna os faróis auxiliares no amplo para-choque dianteiro. O modelo será o primeiro a chegar ao país com esse conjunto de luzes, que se tornou obrigatório na Europa. O capô alto com novos vincos, o logotipo aplicado diretamente na carroceria, os faróis alongados e a lateral limpa dão beleza ao modelo.



As novas linhas acompanham dimensões diferentes em relação às do 307: o 308 ficou 6,5 cm maior, com 4,276 m, e 5 cm mais largo, 1,815 m (com retrovisores). A altura diminuiu 2 cm, para 1,498 m, enquanto o entre-eixos foi mantido (2,608 m). A sensação de bom espaço interno permanece. Os mais altos, porém, vão sentir o teto próximo da cabeça. A vantagem é que no lugar da chapa de aço poderá estar uma ampla área envidraçada, que areja o ambiente.

O painel redesenhado ficou, literalmente, menos quadrado. Ganhou saídas de ar arredondadas e traços menos sisudos. O plástico empregado em sua construção é agradável ao toque. Os instrumentos estão nos mesmos lugares do 307, mas ganharam novo grafismo e podem ter fundo preto ou branco.



Entre os itens de segurança, destacam-se os cintos de três pontos e encostos de cabeça para os três assentos traseiros. Além disso, estão à disposição o controle de estabilidade (ESP), tração (ASR) e os freios ABS. O hatch pode vir com até seis airbags.

A Peugeot não definiu as versões e os preços do 308 por aqui. Hoje, o 307 é vendido em três configurações e parte de R$ 53.450 (1.6). Na Argentina, onde já é vendido, os valores do carro são conhecidos: o modelo de entrada de 98.400 pesos para 102.900 pesos. O aumento não deve fugir muito dessa lógica por aqui. Até a chegada dos novos Hyundai i30 (segundo semestre) e Ford Focus (em 2013), esse franco-argentino tem tudo para dar um baile em seu segmento.







* Viagem a convite da Peugeot
por Renata Viana de Carvalho, de Buenos Aires // Fotos: Fabio Aro

Fonte disponível no(a):
RevistaAutoEsporte


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